quinta-feira, 13 de novembro de 2008

As Marcas Do Tempo

A capacidade que o tempo tem de nos deixar marcas é fantástica. A designação de “1 ano” é, talvez, uma das mais marcantes que o tempo nos remete. Há exatos 365 dias atrás falecia um dos grandes personagens da minha história. José Nunes de Siqueira Campos, meu querido avô, representou para mim muito mais do que posso expressar com palavras. Um homem de uma solidariedade infinita, de um coração instituído de fé e bondade, de características visíveis que marcavam sua personalidade forte, de uma inteligência extraordinária e de fantásticos 81 anos de vida. Um homem pelo qual tenho grande respeito e admiração. Conseguir o que ele conseguiu não é NADA fácil. Muitos passam a vida toda tentando conquistar metade das coisas que ele conquistou, tentando ser metade da pessoa que ele foi...

Hoje é um dia triste para mim, mas, ao mesmo tempo, fico feliz por poder ter absorvido boa parte das lições que meu avô procurou passar. Era um homem difícil de se lidar, de uma personalidade muito forte e de opiniões inalteráveis. Não obstante esses “erros”, José Nunes era uma pessoa especial. Não canso de me recordar dos inúmeros jornais que lia. Do incrível conhecimento que possuía. Das inúmeras conversas sobre futebol que tínhamos. Das inúmeras vezes que rimos das charges sobre Rubens Barrichello. Das inúmeras vezes que me encantei ao ver o quão bom ele era... Não, não canso de me recordar destes momentos. São valiosos de mais para mim. Fazem parte do que sou hoje e farão parte do que busco ser amanhã.

Nos memoráveis 18 anos que passei ao seu lado, pude perceber algumas de suas paixões. O futebol e a pescaria servem como exemplos. Foram 18 anos que, hoje, parecem ter sido curtos. Arrependo-me de não ter vivido mais momentos com ele. Dizem que era um grande jogador de sinuca, mas nunca tive a oportunidade de entreter-me com ele nesse esporte. Apesar disto, fico feliz por saber que herdei uma de suas características marcantes: ser estabanado. Embora isso seja algo, de certa forma ruim, proporcionou-me momentos de alegria e risadas intermináveis. Felizmente sou assim. Levarei isto até o fim dos meus dias. Ninguém me tira. É a prova “viva” que o tenho em mim (literalmente).

Não importa onde o senhor está hoje. Sei que olha por nós e sei que farei o possível para que possa ser objeto de orgulho para o senhor. Fui incapaz de despedir-me antes que você partisse. Mas para que me despedir??

O senhor estará para sempre comigo mesmo...

Um comentário:

Unknown disse...

Evandro, já tinha deixado um comentário sobre este seu texto falando do meu saudoso pai. Excelente o texto. Eu tive a oportunidade de ve-lo jogando sinuca, mas nuca joguei com ele pois vc sabe o quanto era dificil a gente fazer alguma coisa junto. Ele era mestre em saber me xingar e criticar pelos meus erros, mesmo em uma simples partida de sinuca. Eu o vi joando em manhuaçu com uns rapazes da Agencia do BB que ele estava na época fiscalizando. Um dos caras errou uma tacada e na vez dele ele matou todas as bolas terminando rapidamente com o jogo. Quem eram Ruy Chapéu e Roberto Carlos perto dele. O seu avê era mesmo um craque em sinuca.

Abraços,

Ronaldo